terça-feira, 20 de abril de 2010

PERFIL DE QUEM TEM DE LIDAR COM UMA PESSOA AUTISTA

PERFIL DE QUEM TEM DE LIDAR COM UMA PESSOA AUTISTA

Falar de deficiência sem entender, antes de mais, o que é a Vida e qual é a nossa relação com a Vida, é de todo impossível. “A vida não é nossa, nós é que somos da Vida” (Almeida, 1999:291), e , se assim é, segundo a mesma autora, a atitude mais racional será a de nos colocarmos ao serviço da Vida e não colocar a Vida ao nosso serviço.
Servir é entre outras coisas cuidar, na sua essência, aceitar. Aceitar entre os humanos, deve ser admitir, amar, compreender..

“ Viver com a deficiência é, antes demais, viver como todos os outros seres
vivos, o que se vive é de outra forma, mas nunca uma forma menor de estar na
vida.” (Almeida, F., 1999:291), por isso, o nosso confronto com os outros é o
julgarmo-nos diferentes dos diferentes… Claro que, neste caso, a eficácia de toda a intervenção com as crianças com deficiência e suas famílias, é influenciada pela dedicação, entrega e preparação dos profissionais para desenvolver trabalhos com base numa abordagem sistêmica, sendo sensíveis à adoção de práticas inovadoras.
Podemos considerar a perspectiva de Falcão, R. (Setembro, 1999), ao defender que, sendo o autista uma pessoa extraordinária, deve-lhe corresponder um técnico também extraordinário.
Embora a formação seja um aspecto positivo na intervenção, o que é determinante, são as suas características pessoais. Estas podem fazer a diferença, tornando possível a interação num clima de estabilidade e de bem estar.
O mesmo autor frisa que “Dada a grande delicadeza e exigência da relação
que deve ser estabelecida com a pessoa autista, existe um certo número de
requisitos que o técnico deve preencher para melhor desempenhar a sua função”
(1999:64). Assim, ele considerou os seguintes requisitos:

Gostar do diferente;

Ter uma imaginação viva;

Ser capaz de dar sem receber agradecimentos diretos;
Ter a coragem de trabalhar “só no deserto”;

Nunca estar satisfeito com o conhecimento adquirido;

Aceitar que cada pequeno progresso implica um novo problema;

Ter capacidade analítica e pedagógica bem desenvolvidas;

Estar disposto a trabalhar em equipe;

Ser humilde;

Em síntese poder-se-á dizer que a aptidão para lidar com uma pessoa autista
não vai depender essencialmente da teoria, ou do estudo, ou compreensão de
vários postulados, esse perfil vai assentar, principalmente, na “aprendizagem em
contacto direto, no exercício da própria interação e no juízo dos seus resultados”,
(Falcão, R., Setembro:1999:65). Não menos importante Falcão no mesmo texto acrescenta “a capacidade de pensar em pessoas muito diferentes de nós como estando incluídos na esfera de «nós»- representa o progresso moral, o ideal da solidariedade e de integração por que vale a pena lutar”. (ibidem:65)